Renato e Rodolfo não se separavam. Aprontavam todas e ficavam com cara de inocentes. Eram uns anjinhos irresistíveis e super simpáticos.
Como Lucinha trabalhava em muitos finais de semana, eu levava seus meninos para praia (Itamaracá). Cada um deles convidava um amigo. Naquela época, Rodrigo normalmente levava Alexandre, seu companheiro de colégio (eles tinham uns 12 anos). Renato levava Rodolfo (estes, tinham 5-6 anos). Eni, a empregada, também ia conosco.
Numa destas vezes, quando entrei com o carro na garagem, percebi que a maré estava altíssima; e o mar, super agitado. Então, antes de descermos do veículo, conversei com os meninos. Perguntei o que eles queriam fazer enquanto Eni e eu arrumávamos a casa. Rodrigo e Alexandre disseram que queriam ver seus cavalos, e foram; Renato e Rodolfo disseram que queriam brincar na rua, na frente da casa, e ficaram. Antes de entrar com Eni para nossos afazeres, conversei novamente com Renato e Rodolfo, dizendo:
- Vocês vão me prometer que não irão para o mar enquanto ele estiver cheio.
Eles responderam, imediatamente:
-Prometemos!
Fiquei tranquila com a promessa e acreditei que eles a cumpririam. Como naquela época não tinha ninguém na praia, não havia movimento de carros e, aparentemente, nenhum perigo, fui para dentro da casa. Passaram-se uns 20 minutos e percebi que não estava ouvindo a voz dos meninos. Saí da casa e fiquei tentando escutar seus ruídos. Nada. Só ouvia o rugido forte do mar. Uma intuição me levou para aquele lado, onde havia um cais. De longe, vi as ondas rebentando no cais e levantando a uma altura de dois ou três metros. Era super forte mesmo! Na pontinha do cais, com os dedos dos pés dobrando para dentro do mar, estavam os dois danados: Renato e Rodolfo. A cada onda que estourava e levantava, eles pulavam junto...quase caindo dentro da água. Fiquei gelada de medo. Não quis gritar para não assustá-los. Fui caminhando devagarinho na direção do cais, até eles perceberem minha presença. Neste momento, apontei o braço, a mão e todos os dedos na direção de casa. Eles entenderam perfeitamente o olhar. Vieram correndo. Quando passaram por mim, falei:
- Os dois para o quarto durante uma hora para pensarem no que fizeram agora.
Eles chegaram em casa, mudaram as roupas molhadas e foram para o quarto. Antes de fecharem a porta, pediram:
-Podemos comer um sanduíche?
Fiz os sanduíches e levei para eles. Quando estava saindo, reafirmei:
- Uma hora para pensarem no que fizeram.
Passado este tempo, no qual Eni e eu aproveitamos para arrumar tudo, voltei ao quarto para liberá-los e ouvir a conclusão dos mesmos.
- Vocês acham que está certo o que fizeram? Qual a conclusão desta hora de reflexão?
Renato levantou, super sério, me abraçou (ele me seduzia com um simples sorriso) e disse:
- Tu tens razão, Thelma. A gente não devia ter prometido!
Isto é, eles concluíram que o erro foi prometer; ir ao cais, iriam de qualquer maneira!
Amanhã, dia 8 de maio, Renato completa 20 anos. Transformou-se num homem lindo, gentil, educado, meigo e cheio de simpatia. Rodolfo mudou de cidade e nunca mais o vimos, mas sabemos que está bem.
Dedico este post ao menino maravilhoso que Renato leva dentro. Felicidades, querido!!!! Eu te amo muitão!
A seguir, outras fotos deste amor meu, em diferentes momentos. Tão lindinho!