quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Uma homenagem/despedida

Neste catinho particular, gostaria de prestar uma homenagem a um homem-monumento, como sua esposa e companheira de 60 anos de convivência o denominava. Durante tempos ele foi o único sobrevivente de uma geração de Panerai. Agora, ele partiu. Ficam as outras gerações.
Coloco aqui um texto escrito por sua alma gêmea...e tão gêmea!

Meus amigos e parentes.
Perdi o que de mais caro havia para mim.
Perdi a bússola que norteava o meu caminho e meus impulsos e decisões.
Perdi a estrela que me conduzia pelo céu da minha vida.
Perdi o pai, perdi o irmão, perdi o amigo, perdi o mestre, perdi...
Acima de tudo, perdi a motivação para novos impulsos.
Precisei me curvar: entender, aceitar, resignar, suportar, cair e levantar, morrer e renascer.
Precisei da coragem; precisei me despir dos medos, do pavor à morte, ao inexorável.
Precisei curvar, ajoelhar-me e precisei ajoelhar-me, e precisei ajoelhar-me, ajoelhar-me... precisei rezar, rezar rezar.
Precisei pedir ao "Alguém" que viesse muito ligeiro recolher aquele que, diante de mim, diante dos demais: médicos, enfermeiros e de nós...
Padecia do mal da morte e do direito de morrer...
A despeito do terror e do medo
-- e da ira,--
precisei....
precisei pedir ao Alto a coragem, o alento da aceitação para não capitular e não partir junto.
Precisei, enfim, deixar que partisse,
precisei curvar a cabeça e entender que, mesmo ali, era preciso ter a dignidade de ser um SER que ainda vivia...
e o direito que tinha de sair da frente de batalha...
como Herói. E assim foi.
Teve seus momentos aquecidos com o amor dos filhos,
netos, bisnetos e o meu.
E, assim como veio ao mundo, envolvido simplesmente na placenta materna, partiu, envolvido no singelo lençol/manto lhe cobrindo o corpo nu. E, ainda, o direito de ser conduzido como desejou:
Singelamente, do leito de morte à
Capela do Crematorio
numa cerimônia íntima,
assistido,simplesmente
por seus descendentes diretos,
-- como pretendeu e assim foi --.
Estou em paz; triste mas me paz..
Não sei se vou aprender a perdê-lo,
Afinal é a primeira vez que ele me deixa, em sessenta anos.de convívio.
Mas, com certeza, esse "deixa" terá um tempo de espera muito curto.
Logo o verei,
-- como ficou estabelecido,--
nos nossos momentos mais íntimos.
Eis porque,
Lydio Panerai,
Monumento. Meu mais amado companheiro, teve como direito seu,
à incognitade de ir assim como veio.
Num Parto íntimo, quieto e privado.
(Como todos os partos)
Na Capela de cremação,
aonde o prantearam como desejaram,
soltos e libertos ao sofrimento, seus filhos, netos/bisnetos e eu,
-- chorando silenciosamente --
aquele momento
tão nosso, tão íntimo,
tão derradeiro.
Peço a todos, amigos e parentes
que entendam e
-- acima de tudo --
peço que lhe dispensem um minutos de silêncio.
Grata a todos os que
-- como nós--
o amaram tanto.
Ele mereceu.
E, ainda,
Grata em nome dos nossos filhos,
nossos netos,
nossa Dor.
Nossa saudade...
Maria Panerai.

5 comentários:

Ana disse...

Tão triste, tão doído e tão bonito...

Me emocionei... demais...

Adriana disse...

Linda homenagem, sentimento de perda é tão duro, tão doído, mas esta homenagem retratou toda a beleza de um ser humano maravilhoso que partiu, mas que deixou o seu perfume, a sua história de vida guardado no coraçao de cad um qu eteve a oportunidade de conviver com ele. A emoção bateu forte. Beijinhos carinhosos cheios de energias positivas

Rosamaria disse...

Tanto tempo sem vir aqui, Thelma e encontro esta mensagem tão triste, mas tão bonita e emocionante.
Depois de vivermos tanto tempo com uma pessoa é difícil demais a separação.

Anônimo disse...

E em novembro passado no dia 16, faleceu a Maria Panerai. Os dois estão juntos de novo.. Saudades.

Anônimo disse...

E em novembro passado, no dia 16, faleceu a Maria Panerai. Ninguém fez uma saudosa mensão ao falecimento, uma que significou tanto nas tele rádios. Espero que vc no seu blogger consiga...
agradeço...